Emprego também apresentou recuo, o que revela desaquecimento do segmento, segundo analista
A pesquisa Sondagem Industrial, elaborada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), revela que a produção industrial teve queda na passagem de março para abril. O indicador de aumento da produção registrou 42,6 pontos, inferior à linha de corte que faz a separação entre a diminuição e o crescimento da produção, estipulada em 50 pontos, conforme a CNI. O índice é 2,2 pontos menor que a média para meses de abril.
Segundo o levantamento, divulgado na última quarta-feira (17), outra queda, além da produção, foi verificada em abril no emprego na indústria. Ainda segundo o estudo, o indicador de evolução no número de ocupados ficou em 48 pontos, 1,5 ponto inferior se comparado a março, mês imediatamente anterior. Na avaliação da CNI, “o indicador se mantém abaixo da linha de corte desde outubro de 2022, o que mostra que há seis meses o emprego não cresce de forma disseminada na indústria”.
Para Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da CNI, a pesquisa revela desaquecimento do segmento da indústria. “Os estoques aumentaram pelo terceiro mês consecutivo e a utilização da capacidade instalada recuou. Temos queda nos dados de emprego e produção, que indicam um movimento preocupante da indústria, que tem perdido o ânimo, principalmente pelas dificuldades impostas pelos altos juros”, disse ele em comunicado no site da confederação.
Em relação à intenção de investimentos no setor, a Sondagem Industrial ainda indica que a atividade registrou diminuição de 0,7 ponto, atingindo a casa de 52,9 pontos. O indicador, diz o estudo, registra alternância moderada de alta e baixa. Entretanto, o recuo neste mês foi um pouco mais intenso, o que faz com que o indicador atinja o menor patamar desde agosto de 2022. Para Azevedo, essa dinâmica indica “relativa estabilidade na intenção de investir e suspensão das decisões de investimento por parte dos empresários da indústria”.
A pesquisa da CNI também traz à tona o recuo em maio deste ano de todos os índices de expectativa. “O índice de expectativa de número de empregados recuou 0,6 ponto frente a abril, registrando 49,9 pontos. Esse resultado sinaliza para os próximos meses a estabilidade do número de contratações”, revela o estudo.
Diminuição um pouco maior, desta vez de 2,2 pontos, foi observada na expectativa de quantidade exportada. Com esse recuo, o indicador foi a 50,2 pontos, “praticamente sobre a linha divisória”. “O índice de expectativa de demanda registrou 53,6 pontos, o que representa queda de 1,5 ponto frente ao mês anterior. Além disso, o índice de expectativa de compras de matérias-primas foi 51,7 pontos, resultado 1,4 ponto menor do que em abril”, encerra a pesquisa.
COMÉRCIO VAREJISTA
Outra pesquisa mensal, desta vez formulada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e denominada PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), mostra que as vendas no comércio varejista brasileiro aumentaram 0,8% em março de 2023 se comparado com fevereiro, quando apresentaram estabilidade. Os números do estudo também foram divulgados na última quarta-feira (17).
Apesar do crescimento no setor, quatro das oito atividades analisadas pelo instituto apresentaram recuo na passagem de fevereiro para março. Em tecidos, vestuário e calçados a queda foi de 4,5%. Artigos de uso pessoal e doméstico, com 2,2%; livros, jornais, revistas e papelaria, com 0,6%; e combustíveis e lubrificantes, com 0,1%, também tiveram recuo.
Na outra ponta, indica a pesquisa, itens como equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, com 7,7%; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com 0,7%; e móveis e eletrodomésticos, com 0,3%, observaram crescimento.
O estudo ainda revela que as vendas do comércio varejista cresceram em 23 dos 27 entes da federação na passagem de fevereiro para março. As altas mais impactantes ocorreram nos Estados do Espírito Santo, com 5,7%; Paraíba, com 5,4%; e Alagoas, com 4,8%. Por outro lado, Rio de Janeiro, com 2%; Tocantins, com 1,1%; e Maranhão, com 1%; além do Distrito Federal (1,4%), apresentaram queda nas vendas varejistas.