Pandemia de Aids pode ter fim até 2023 – Revista do Mercado

Pandemia de Aids pode ter fim até 2023

Fim da doença depende dos países, porque, segundo a ONU, é escolha política e econômica

Relatório divulgado na última quinta-feira (13) pela Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), denominado O Caminho que Põe Fim à Aids, revela que o fim da doença é uma escolha política e econômica das nações, e que os países que estão seguindo esse caminho estão tendo resultados “extraordinários”. 

O documento apresenta estudos e dados em relação à situação atual da enfermidade no planeta e os caminhos que deveriam ser seguidos para pôr fim à pandemia da doença até 2030, como parte dos ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). 

De acordo com o estudo, esse caminho também irá ajudar o planeta a se preparar melhor para enfrentar pandemias futuras e avançar no progresso em direção à conquista dos ODSs das Nações Unidas. 

O programa da ONU, que tem colaboração de parceiros globais e nacionais para o combate à doença, lidera e inspira o planeta a acabar com novas infecções por HIV, sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana, pôr fim à discriminação e acabar com as mortes decorrentes da Aids. 

O Unaids estipulou as metas que devem ser perseguidas. Segundo elas, nos países, 95% das pessoas que vivem com HIV devem conhecer seu status sorológico; 95% das pessoas que sabem que vivem com HIV devem estar em tratamento antirretroviral que salva vidas; e 95% das pessoas em tratamento devem estar com a carga viral suprimida.

Nações como Botsuana, Essuatíni, Ruanda, Tanzânia e Zimbábue já alcançaram as metas 95-95-95. Outros 16 países, oito deles na África subsaariana, região que concentra 65% de todas as pessoas vivendo com HIV, também estão próximos de alcançar essas metas.

Ainda conforme o relatório, o Brasil encontra-se no caminho, já que as metas apresentam 88-83-95. Entretanto, enfrenta dificuldades, causadas, principalmente, pelas desigualdades, “que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham pleno acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV que salvam vidas”, diz trecho de nota no portal do Unaids.

“Ao mesmo tempo assistimos o movimento em casas legislativas municipais, estaduais e até mesmo no Congresso de apresentar legislações criminalizadoras e punitivas que afetam diretamente a comunidade LGBTQIA+, especialmente pessoas trans”, diz ao portal Ariadne Ribeiro Ferreira, oficial de igualdades e direitos do Unaids Brasil. “Este movimento soma-se às desigualdades, aumentando o estigma e discriminação de determinadas populações e pode contribuir para impedir o Brasil de alcançar as metas de acabar com a AIDS até 2030”, acrescenta ela.

LIDERANÇAS

“O fim da Aids é uma oportunidade para as lideranças de hoje deixarem um legado extraordinariamente poderoso para o futuro”, disse ao portal Winnie Byanyima, diretora executiva do Unaids. “Essas lideranças podem ser lembradas pelas gerações futuras como aquelas que puseram fim à pandemia mais mortal do mundo. Podem salvar milhões de vidas e proteger a saúde de todas as pessoas”, complementou.

O documento da ONU reforça que as respostas ao HIV são positivas quando têm como base fortes lideranças políticas, com ações como “respeitar a ciência, dados e evidências; enfrentar as desigualdades que impedem o progresso na resposta ao HIV e outras pandemias; fortalecer as comunidades e as organizações da sociedade civil em seu papel vital na resposta; e garantir financiamento suficiente e sustentável”.

O caminho para acabar com a Aids tem tido progresso mais forte, ainda conforme o relatório, em nações com investimento financeiro maior. Por exemplo, na África Oriental e Austral, onde as novas infecções por HIV vêm apresentando redução desde 2010, chegando a 57%, além de o número de pessoas em tratamento antirretroviral ter triplicado, saltando de 7,7 milhões em 2010 para 29,8 milhões no ano passado.

“Graças ao apoio e investimento no combate à Aids em crianças, 82% das mulheres grávidas e lactantes vivendo com HIV em todo o mundo tiveram acesso ao tratamento antirretroviral em 2022, em comparação com 46% em 2010. Isso levou a uma redução de 58% nas novas infecções por HIV em crianças de 2010 a 2022, o número mais baixo desde a década de 1980”, informa o Unaids.

Por fim, o documento mostra que o financiamento para tratar a Aids diminuiu em 2022, caindo ao mesmo patamar de 2013. O montante totaliza US$ 20,8 bilhões no ano passado, valor bem abaixo do necessário para a finalidade até 2025, que é de US$ 29,3 bilhões.

O relatório, entretanto, também destaca que o fim da enfermidade não vai acontecer de forma automática. Aproximadamente 9,2 milhões de indivíduos no mundo ainda não têm acesso ao tratamento, número que inclui 660 mil crianças vivendo com HIV. “Mulheres e meninas ainda são desproporcionalmente afetadas, especialmente na África subsaariana”. Em 2022, uma pessoa morreu em consequência da Aids por minuto.

“Os fatos e os números compartilhados neste relatório não mostram que o mundo já está no caminho certo, mas indicam claramente que podemos chegar lá. O caminho a seguir é muito claro”, encerra Winnie Byanyima, diretora executiva do Unaids.

*As informações contidas nessa publicação não representam necessariamente as opiniões desse portal.

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